Este blog surgiu em 2009 com o intuito de relatar uma "Viagem Incógnita" que teve início com um bilhete só de ida para a Tailândia. Uma viagem independente, sem planos, a solo, que duraria quatro anos. Pelo meio surgiu um projeto com crianças carenciadas do Nepal que viria a resultar na criação da Associação Humanity Himalayan Mountains. Assim, este blog é dedicado às minhas viagens pelo Oriente, bem como a esta "viagem humanitária", de horizontes longínquos, no Nepal.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Mahendrapul e os Festivais

De vez em quando, de mota ou autocarro, vou com amigos até à cidade passear, almoçar, visitar algum monumento, fazer compras, assistir a dias comemorativos ou festivais. Do centro da cidade, em dias limpos, avistamos os imponentes Himalaias.
Mahendrapul é o coração de Pokhara, o seu principal ponto comercial, onde milhares de pessoas chegam todos os dias de acordo com os seus propósitos. É um local de concentração de massas cheio de energia e vida, um showroom de moda, um ponto de encontro de jovens, um centro agitado, movimentado, com estacionamento desordenado, durante o dia.
A baixa de Mahendrapul está repleta de lojas, restaurantes, bancos. Mulheres do campo chegam com as suas cestas cheias de fruta ou legumes e todos os tipos de produtos são vendidos aqui dependendo da época do ano: maçãs, laranjas, goiaba, melão, ananás, pepinos, feijão verde, malaguetas...
As mulheres vestem túnicas com calças, saias compridas com tops ou saris; ombros e pernas devem estar tapados mas não há problema em mostrar a barriga... Os homens usam um fato típico chamado daura surbal e o topi na cabeça. Mas nas cidades um número crescente de pessoas usa roupas ocidentais.
Museu Internacional da Montanha
Templos hindus
Mosteiros budistas
Old Bazaar, a parte mais antiga da cidade
Dia Internacional dos Povos Indígenas do Mundo
Thakalis
Magars
Gurungs e Tamangs

Festival Gai Jatra, o cortejo de vacas
Segundo a tradição, cada família que perdeu um parente durante o ano anterior deve participar numa procissão pelas ruas conduzindo uma vaca. Se não houver uma vaca disponível, então um jovem vestido de vaca é considerado um substituto leal.
No hinduísmo, a vaca é considerada como o mais venerado entre todos os animais domésticos e é reverenciada como um animal sagrado. Os hindus acreditam que a vaca ajudará a viagem do parente falecido para o céu.
Em termos históricos, quando o rei Pratap Malla perdeu o seu filho, a rainha permaneceu muda. O rei, apesar de várias tentativas, não conseguiu diminuir o sofrimento da sua esposa, pelo que anunciou que alguém que a fizesse rir seria recompensado adequadamente.
Quando a procissão da vaca foi levada até a rainha os participantes começaram a ridicularizar as pessoas importantes da sociedade e ela não pôde deixar de sorrir. A partir daí seguiu-se a tradição de incluir piadas, sátiras e escárnio nos dias do Gai Jatra.
Acompanhamos a procissão parando de vez em quando para assistir à dança dos jovens. Então e a vaca? Onde é que está uma vaca?
Lá ia uma pequenita a correr rua abaixo, mal a apanhei...
O Teej é outro festival a cores, ou melhor, este é mais a vermelho. Celebra-se nos finais de Agosto ou início de Setembro e é dedicado às mulheres.

É um festival preparado pelos homens para as mulheres que se juntam para cantar e, sobretudo, dançar.
O Teej é uma celebração que combina festas sumptuosas com um jejum rígido durante os três dias propriamente ditos do festival. Através deste jejum religioso, as mulheres hindus rezam para a felicidade conjugal, bem estar dos seus cônjuges e filhos e purificação do seu próprio corpo e alma.
As mulheres arranjam-se primorosamente e usam jóias e adornos tradicionais.
De acordo com os livros sagrados, a Deusa Parvati jejuou e orou com fervor para o grande Senhor Shiva se tornar seu esposo. Tocado pela sua devoção, ele tomou-a como esposa. A Deusa, em agradecimento, mandou emissários a pregar e difundir este jejum religioso entre as mulheres mortais, prometendo prosperidade e longevidade para as suas famílias. Assim nasceu o festival de Teej.