Para além de cidades com tecnologia avançada como a capital, Seul, a Coreia também é conhecida pelo interior verde, com colinas repletas de cerejeiras e templos budistas com séculos de existência, para além de vilas de pescadores na costa e ilhas subtropicais.
De autocarro dirigi-me para Gyeongju, uma cidade a sudeste da Coreia do Sul, ficando alojada na Doo-baki Guesthouse na primeira noite.
Gyeongju foi a capital do antigo reino de Silla (57 a.C. - 935 d.C.), que governou cerca de dois terços da Península Coreana no seu auge, entre os séculos VII e IX. A cidade abriga os antigos túmulos da realeza e aristocratas do período Silla, bem como as ruínas de Silla, o que a torna uma atração turística.
Antigos túmulos de Noseo-ri
Túmulo do rei Cheonmachong
Complexo de Túmulos de Daereungwon


Silla Unificada (período histórico do reino coreano de Silla após a conquista de Goguryeo em 668 d.C., que marcou o fim do período dos Três Reinos, unificando as regiões central e sul da península coreana) era um país próspero e rico e a sua capital metropolitana de Gyeongju era a quarta maior cidade do mundo.
Túmulo do rei Michu
Um grande número de sítios arqueológicos e propriedades culturais deste período permanecem na cidade. Entre tais tesouros históricos, as áreas históricas de Gyeongju, o templo de Bulguksa, a gruta de Seokguram e a aldeia popular de Yangdong estão designados como Património Mundial pela UNESCO.
A cidade à noite é animada por dezenas de pessoas, incluindo professores com turmas de alunos, que visitam locais importantes lindamente iluminados.
Um destes locais é o Observatório Astronómico de Cheomseongdae (que significa ‘olhar para as estrelas’ em coreano), o mais antigo na Ásia Oriental e considerado uma das instalações científicas mais antigas da Terra.
O Palácio Donggung e o Lago Wolji são um antigo palácio e um lago artificial que faziam parte do complexo do Palácio da antiga Dinastia Silla, construído por ordem do Rei Munmu em 674 d.C. O lago era anteriormente conhecido como Anapji. Tem formato oval, contém três pequenas ilhas e foi concebido com estética taoísta. É imperdível ver à noite os pagodes refletidos nas águas do lago!
Como parte do projeto de renovação de locais históricos em Gyeongju, Anapji foi dragado e reconstruído em 1974, o que veio a revelar inúmeras relíquias: antigas paredes de pedra, sistemas hidroviários, uma abundância de telhas únicas, materiais arquitetónicos, cerâmica, figuras de Buda em bronze dourado, joias, acessórios e outros itens do dia a dia, oferecendo uma visão da arte budista e da vida quotidiana em Silla.
Ponte Woljeonggyo
A Ponte Woljeonggyo foi construída durante o período de Silla Unificada (676-935 d.C.), mas foi queimada durante a dinastia Joseon. Foi reconstruída em abril de 2018 para se tornar a maior ponte de madeira da Coreia. De acordo com Samguk Sagi (História dos Três Reinos), a ponte foi construída durante o 19º ano do reinado do Rei Gyeongdeok (760 d.C.), conectando Wolseong e Namsan.
Casa histórica de Choe, o Homem Rico Gyeongju é uma pequena e surpreendente maravilha em que se respira este ambiente histórico em harmonia com a Natureza e que adquire uma aura especial à noite e na primavera.
Na guesthouse conheci a Naomi, da Alemanha, com quem visitei o Templo de Bulguksa e a Gruta de Seokguram. Para isso, dirigimo-nos de transporte público ao Monte Toham, no Parque Nacional de Gyeongju, considerado sagrado pelo povo de Silla desde tempos antigos.
O complexo do templo Bulguksa, concluído em 774, é uma obra de arte do apogeu do budismo no Reino de Silla e em que se encontram sete tesouros nacionais da Coreia do Sul, incluindo os pagodes de Dabotap e Seokgatap, a Cheongun-gyo (Ponte da Nuvem Azul) e duas estátuas de Buda de bronze banhado a ouro.
A arquitetura do templo representa o mundo de Buda que alcançou a iluminação no mundo dos desejos terrenos.
Mais adiante, a Gruta Seokguram é um templo em caverna artificial, com grande beleza arquitetónica e belas técnicas de escultura, construído durante o período de Silla Unificada. A construção começou em 751 durante o reinado do rei Gyeongdeok, o 35º rei de Silla, e levou 30 anos para ser concluída.
No centro da Gruta está uma estátua sentada de Shakyamuni Nyorai, com 3.48 metros de altura, esculpida em puro granito branco. O Buda está voltado para o Mar do Leste, onde existe a lenda de que o rei Munmu, o 30º rei de Silla que unificou os três reinos, reencarnou como um dragão do mar e salvou Silla.
De regresso ao centro de Gyeongju, e feito o check-out no hostel, encontrei-me com a também couchsurfer Amelie, uma americana a dar aulas de inglês na universidade local. À tardinha, levou-me a degustar uma bela refeição típica (Bibimbap e Pajon) num restaurante da cidade e fiquei alojada em casa dela.
Nos finais de abril encontrava-me em Busan, a segunda cidade mais populosa da Coreia do Sul, com uma população de mais de 3,5 milhões de habitantes.
É o centro económico, cultural e educacional do sudeste da Coreia, sendo o seu porto marítimo o mais movimentado do país e o oitavo mais movimentado no mundo. Localizado na ponta sul da península coreana, o importante porto de Busan dá à cidade um toque internacional, com marinheiros e turistas de todo o mundo passando pela cidade.
Busan é conhecida pelas suas praias, fontes termais, reservas naturais e eventos como o afamado festival internacional de cinema da cidade, realizado no outono.
Atrações locais, templos e locais históricos incluem a Praia Gwangalli e a Praia de Haeundae, Taejongdae, Beomeosa, Haedong Yonggungsa...
Explorei Busan e arredores com a Naomi com quem combinara o reencontro na WE Guest House, mesmo pertinho da Praia de Haeundae.
De transportes públicos lá vamos nós para a imperdível Vila Cultural de Gamcheon.
Trata-se de uma vila de casas coloridas que se amontoam na encosta do monte de onde contemplamos uma vista lindíssima até ao mar. Mas a bela paisagem da vila esconde a dolorosa história dos refugiados que se estabeleceram em Gamcheon durante a Guerra da Coreia e cultivaram a região montanhosa para ganhar a vida.
Em 2009, estudantes, artistas e moradores decoraram a vila como parte do Village Art Project e o local tornou-se uma das principais atrações turísticas de Busan desde então. Instalações de arte e pinturas murais transformaram os becos abandonados de Gamcheon numa vila animada e, juntamente com lojas de souvenirs e oficinas que permitem ao visitante participar em várias experiências, foram atraindo cada vez mais a atenção das pessoas.
Continuámos de autocarro para Taejongdae, um grande parque natural que ocupa o extremo sul da Ilha Yeongdo.
Desde a entrada do parque percorremos a pé o caminho circundante da orla marítima sobre as falésias verticais de dezenas de metros de altura, passando pelo Observatório, o farol, interessantes formações rochosas e contemplando vistas magníficas do oceano com muitos barcos de cruzeiro e navios de carga à espera de entrar no porto.
Depois embrenhamos por percursos pedestres não pavimentados pelo meio da bela floresta de densas árvores perenes e onde encontramos um pequeno templo budista rodeado de um cuidado jardim.
Yongho-dong area
O Templo Haedong Yonggung é um templo budista na área de Gijang-gun, na costa nordeste de Busan, um dos poucos na Coreia situado à beira-mar.
No caminho para o recinto do templo, depois da zona de variada gastronomia, estão as 12 divindades animais do zodíaco que protegem a terra em 12 direções, bloqueiam a invasão de espíritos malignos e agem como fadas-madrinhas que desejam as cinco bênçãos: vida longa, fortuna, amor virtuoso, saúde e a morte natural.
Terá sido construído em 1376 durante a dinastia Goryeo e homenageia Haesu Gwaneum Daebul, a Deusa do Mar Buda da Misericórdia, que é um aspeto de Guanyin.
O santuário principal do templo foi reconstruído em 1970 dando especial atenção às cores tradicionalmente utilizadas nestas estruturas. Em frente a este existe um pagode de três andares com quatro leões que simbolizam a alegria, a raiva, a tristeza e a felicidade.
Todo o templo é de uma enorme beleza e tem outros locais especiais como os 108 degraus e as lanternas de pedra que ladeiam a paisagem rochosa, para além da belíssima vista acompanhada dos sons calmantes das ondas.
Busan está apenas a 190 km das ilhas japonesas de Kyushu e Honshu.
Por menos de 50€ meti-me num voo de 1h30 para uma delas.
Adenda: Em 2022, ajudei a Amelie no seu desejo e processo para residir em Portugal. Viveu em minha casa durante um ano até encontrar e se instalar no seu próprio espaço no nosso país.