Este blog surgiu em 2009 com o intuito de relatar uma "Viagem Incógnita" que teve início com um bilhete só de ida para a Tailândia. Uma viagem independente, sem planos, a solo, que duraria quatro anos. Pelo meio surgiu um projeto com crianças carenciadas do Nepal que viria a resultar na criação da Associação Humanity Himalayan Mountains. Assim, este blog é dedicado às minhas viagens pelo Oriente, bem como a esta "viagem humanitária", de horizontes longínquos, no Nepal.

domingo, 28 de abril de 2019

DMZ, Zona Desmilitarizada da Coreia

O único tour organizado que fiz na Coreia foi a visita à DMZ, Zona Desmilitarizada Coreana, para ver a fronteira que divide a Coreia do Norte e a Coreia do Sul e inteirar-me do contexto histórico e conturbado da península.

A DMZ sul-coreana está localizada a cerca de 50 quilómetros de distância de Seul e a 38 quilómetros de Pyongyang. Para chegar lá, passamos por vários pontos de verificação de segurança controlados por militares e temos que apresentar o passaporte na inspeção.

A Coreia foi, por muitos séculos, uma entidade política única que correspondia a toda a Península Coreana. A divisão em Coreia do Norte e Coreia do Sul resulta da vitória dos Aliados na  Segunda Guerra Mundial em 1945, terminando o domínio colonial de 35 anos do Japão na Coreia. Apesar da oposição de quase todos os coreanos, os Estados Unidos e a União Soviética concordaram em ocupar temporariamente o país, com a zona demarcada de controle ao longo do paralelo 38. O objetivo desta tutela temporária era o de estabelecer um governo coreano provisório que viria a ser "livre e independente no devido tempo". 
Aconteceu que as duas superpotências apoiaram líderes diferentes e dois estados foram estabelecidos de forma eficaz, cada qual reclamando a soberania de toda a península coreana e suas ilhas periféricas. Após anos de hostilidades mútuas, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul na tentativa de reunificar a península sob o seu domínio comunista. A subsequente Guerra da Coreia, que durou de 1950 a 1953, terminou num impasse e deixou a Coreia dividida pela Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ) até os dias atuais. As duas Coreias vivem em estado de tensão desde então e compartilham esta que é uma das fronteiras mais militarizadas do mundo. 

A DMZ, Zona Desmilitarizada da Coreia, é uma faixa de segurança, aproximadamente a meio da Península Coreana, que protege o limite territorial de tréguas entre as repúblicas coreanas, estabelecida em 1953 por acordo entre a Coreia do Norte, a República Popular da China e o Comando das Nações Unidas.  Serve como uma zona-tampão entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul e constitui a fronteira de facto entre os dois países. Tem 4 km de largura e 250 km de comprimento e está permanentemente iluminada. Esta zona, feita especificamente para a contenção militar, é de caráter hostil e está quase despovoada de civis. Em rigor, trata-se de um descampado que, devido à escassa atividade humana, constitui uma faixa de grande riqueza e diversidade ecológica de flora e fauna.

No meio da Zona Desmilitarizada fica a localidade de Panmunjon, onde se estabeleceu o armistício da Guerra da Coreia em 1953. É a primeira paragem do tour à DMZ onde visitamos o Parque Imjingak dedicado aos 10 milhões de sul-coreanos que foram separados das suas famílias quando a península foi dividida. 

O parque está localizado às margens do rio Imjin e é o ponto mais ao norte que os sul-coreanos podem visitar livremente. Há um deck de observação de três andares que oferece uma vista aérea do rio Imjin e além em direção à Coreia do Norte. 

O parque tem vários lagos, monumentos, estátuas, uma parede de fitas comemorativas, várias lojas de souvenirs e um restaurante. Ao lado do Lago da Unificação, que tem o formato da península coreana, encontrara-se o Sino da Paz, um símbolo de esperança de que a paz regressaria à península quando a reunificação fosse alcançada.

Sino da Paz

Também aqui podemos ver artilharia e artefatos de guerra que foram usados durante o conflito coreano. A locomotiva a vapor Beat 131, marcada pela batalha na estação de Jungdan, é também um símbolo da Guerra da Coreia e da separação entre o Sul e o Norte. Esta máquina fazia parte de um comboio utilizado para transportar mantimentos militares durante a Guerra da Coreia e o comboio foi explodido pelas forças aliadas quando estava sob ameaça de ser utilizado pelo outro lado.

Depois prosseguimos para a Ponte da Liberdade, que conecta o Sul ao Norte, construída para libertar quase 13.000 prisioneiros de guerra coreanos em 1953. Está localizada no mesmo sítio da antiga ponte ferroviária.

O autocarro leva-nos então até à Estação Dorasan que também faz parte do Complexo da DMZ. Trata-se de uma estação ferroviária situada na Linha Gyeongui–Jungang que antigamente ligava os sistemas ferroviários norte-coreanos e sul-coreanos e que foi, entretanto, restaurada. Apesar de estar presentemente desativada, existe a esperança de ser usada no futuro para se conectar com Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, um propósito em grande parte simbólico da esperança de uma eventual reunificação coreana.

Mais adiante, visitamos o Observatório Dora que oferece uma fantástica vista da DMZ coreana e onde, através de binóculos disponíveis na plataforma do topo, podemos ter um vislumbre da Coreia do Norte, um dos países mais fechados do mundo. 

Nesta viagem conheci a Ranny, da Indonésia.

Ao longe, observamos uma falsa vila (propaganda village), localidade sem habitantes mas com casas muito bonitas, para levar a crer que a vida do outro lado, na Coreia do Norte, é melhor. 

Em 1970, foram descobertos três túneis que se usavam para espionagem e, vinte anos depois, encontrou-se outro, todos construídos por militares da Coreia do Norte. Neste tour, percorremos parte deste Túnel de Infiltração, situado mais a norte no Complexo da DMZ. 


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