Este blog surgiu em 2009 com o intuito de relatar uma "Viagem Incógnita" que teve início com um bilhete só de ida para a Tailândia. Uma viagem independente, sem planos, a solo, que duraria quatro anos. Pelo meio surgiu um projeto com crianças carenciadas do Nepal que viria a resultar na criação da Associação Humanity Himalayan Mountains. Assim, este blog é dedicado às minhas viagens pelo Oriente, bem como a esta "viagem humanitária", de horizontes longínquos, no Nepal.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS


Os Emirados Árabes Unidos, uma federação de monarquias absolutas hereditárias árabes, cada uma detendo a sua soberania, são sete: Abu Dhabi, Dubai, Xarja, Ajmã, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujeira. 

Nos Emirados conjugam-se montanhas e dunas de areia, praias e parques verdes, bairros de casas antigas e shoppings ultra-modernos. São tanto um interessante destino turístico como um dinâmico centro internacional de negócios. 

DUBAI

Dubai é a maior cidade e o mais populoso entre os sete emirados. A cidade de Dubai é conhecida mundialmente pela sua economia extremamente desenvolvida, pelas largas avenidas e pelos enormes arranha-céus.


Numa das viagens à Ásia viajei com a Gulf Air e fiz escalas, para lá, em Abu Dhabi e, para cá, no Dubai, o que me permitiu parar cerca de 12 horas nesta cidade do Médio Oriente e conhecê-la ainda que superficialmente. 


Foi em abril de 2006. Levantei dinheiro, pouco, na máquina e saí do aeroporto manhã cedo dirigindo-me a um táxi. O homem apontou-me um outro… conduzido por uma mulher. Eu vinha de países pobres, mas de uma grande riqueza espiritual e achava que o Dubai seria o oposto disso. O luxo ou o tamanho dos arranha-céus por si só não me impressionariam. Não é isso que me toca quando visito um país. Visitava o Dubai porque calhava em caminho, só isso.

‘Para onde queres ir, sister?’ - questionou ela, em inglês. 
UUaaaaauuuu!! Sister! Uma simples palavra que nos adoça a alma, que me fez a ligação com o país de onde vinha e me fez partir para a cidade com o despontar de uma outra visão das suas gentes. 
‘Para o Posto de Turismo’. Eu não tinha qualquer mapa, informação ou referência, não fizera qualquer pesquisa. ‘Onde é isso?’ - perguntou-me ela. Fiquei completamente desarmada.


‘To the city center’ - saiu-me. ‘Ahhh, isso eu sei, sister!’ - exclamou ela. E eu a imaginar como o centro da cidade deveria ser enorme. Qual não é o meu espanto quando a vejo entrar num parque de estacionamento subterrâneo de um centro comercial… precisamente o ‘City Center’! Tudo bem, ficaria ali. Um bocado desconsolada porque não era propriamente o que me apetecia visitar no Dubai, mas logo veria o que fazer. 

Era o sítio certo. Dali partiam os autocarros turísticos de dois andares que faziam dois diferentes circuitos pela cidade. Comprava-se um bilhete e podíamos andar o dia todo, visitando o que nos apetecesse pelo tempo que quiséssemos, hop-on hop-off, saindo e entrando nas paragens estrategicamente situadas. Uma bela forma de ter uma ideia geral da cidade.

E ainda pedi um desconto ao vendedor dos bilhetes do Big Bus dizendo que não tinha levantado muito dinheiro porque nunca pensei que os preços fossem tão altos… ‘You’re breaking my heart!’ - exclamou ele, sorrindo. E fez. Outra bela impressão.

Localizada na Al Jumeira Road a Jumeirah Mosque, uma das mais belas, é um belo exemplo de arquitectura islâmica moderna.




O Burj Al Arab ("A Torre Árabe") está construído numa pequena ilha artificial ligada à praia de Jumeirah por uma ponte. Com 321 metros era, à época, a mais alta estrutura exclusivamente usada como hotel e um ícone simbolizando a transformação urbana no Dubai, imitando a vela de um barco. O Burj Khalifa estava, na altura, em construção.

 

Mall of the Emirates & Ski Dubai

O Mall of the Emirates é um enorme centro comercial que, para além de uma variedade típica de lojas, cinemas e um teatro, tem a primeira pista de ski em recinto fechado do Médio Oriente, o Ski Dubai, inaugurada em finais de 2005.

O Museu de Dubai, situado no Forte Al Fahidi, é outro edifício imponente. Foi construído por volta de 1799 e serviu várias vezes como guarnição, palácio e prisão. Foi renovado em 1970 para albergar o museu.

Um dos percursos incluía visita guiada de uma hora ao Museu de Dubai, travessia em abra, barco-táxi, do canal Creek e visita a um mercado de jóias e outro de especiarias. 

O Creek é uma entrada de água do mar natural que corta o centro da cidade. É o ponto histórico central da vida no Dubai onde se pode apreciar a cor e o movimento da carga e descarga de navios que ainda seguem rotas comerciais antigas.

Uma forma atractiva de apreciar o Creek e os ‘dhows’ é apanhar um ‘abra’, um dos pequenos táxis de água que atravessam o Creek desde os souks (mercados) de Deira para aqueles no lado Bur Dubai. 

O dhow é uma embarcação tradicional árabe com uma ou mais velas latinas. É usado principalmente para transportar objectos pesados.

No lado Deira, uma ampla e bem iluminada avenida pavimentada estende-se desde o Corniche, frente ao Golfo Pérsico, até ao terminal de construção dos atraentes ‘dhows’, ao lado da ponte Maktoum.

As estreitas ruas do souk de especiarias são uma mistura exótica de especiarias com cravo, cardamomo, canela, incenso, frutas secas, incenso, pétalas de rosa e os medicamentos tradicionais. E o souk do ouro é o maior do mundo, com os preços mais baixos, onde tudo o que reluz é ouro. 

Mercados do ouro e das especiarias

Para manter os espaços verdes é necessária muita água. Doce, claro está. Para a obter a água do mar passa por um processo de dessalinização.

Este é o país de projectos megalómanos, como os arranha-céus mais altos do mundo e os arquipélagos artificiais (O Mundo, A Palmeira), em que a água é mais cara que o petróleo…

Regressei no último Big Bus do dia, ao ponto de partida. Do ‘City Center’ apanhei um autocarro local (mulheres atrás…) de retorno ao aeroporto. 

O porto e o Creek ao entardecer

No aeroporto olhava o painel das comidas, fazendo as contas, para gastar totalmente os últimos dirhams. Tinha que deixar de lado o dinheiro certo para ir buscar a mochila que ficara guardada todo o dia no depósito de bagagem. Uma garrafa de água, sandes, ok. Pedi e sentei-me a comer numa mesa. 

Pedi a conta ao empregado e preparava-me para lhe entregar a quantia que eu achava a exacta. Pois… enganei-me nos zeros e nas vírgulas. Aquilo custava mais do que eu calculara e não me apetecia usar o cartão para pagar mais taxas que fatura… Atrapalhada, apresentei-lhe a minha situação e já lhe restituía a garrafa de água que ainda não abrira. O empregado olhava-me, também ele desolado. 

Nisto levanta-se um senhor que lia o jornal numa mesa próxima e dirigiu-se a nós. Puxou de dinheiro e ofereceu-se para pagar a minha conta. Não, não, disse eu. Além do mais só me faltam uns trocos. Insistiu, dizendo: Isto é o meu país, aqui a senhora é como uma convidada. Fiquei sem palavras, não sabia como agradecer tamanha gentileza. Afastei-me. Fui comprar postais e outras pequenas lembranças. Eu queria mesmo gastar ali tudo. 

A minha impressão do Dubai? Óptima! Gostei deste dia, passei-o muito bem. E gente afectuosa apesar da aparente ostentação. Desconcertante também. Mulheres de burka preta, carregadas de ouro e outros valiosos acessórios. Separadas nos transportes, atrás…

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