A cidade localiza-se na ilha de São Luís, na foz do rio Senegal, 264 km a norte de Dakar, perto da fronteira com a Mauritânia. À data da criação do entreposto comercial francês, era designada por "Ilha do Senegal", tendo a República do Senegal adotado o nome do rio quando conquistou a independência, em 1960.
Saint-Louis é Património Mundial da UNESCO desde 2000, em reconhecimento da sua arquitetura colonial única e do seu papel na história da colonização francesa em África.
Percorri a pé a ilha de ponta a ponta, passeando vagarosamente pelas suas ruas de paralelepípedos e admirando os seus belos edifícios com fachadas coloridas, telhados de telha dupla, varandas de madeira e balaustradas de ferro forjado. Infelizmente, este património colonial parece nunca ter sido restaurado.
Um talibé é um rapaz que estuda o Alcorão numa daara, escola corânica (o equivalente a madrasa na África Ocidental), educação esta orientada por um professor conhecido por marabu. Na maioria dos casos, os talibés abandonam os pais para ficarem na escola corânica.
A Ponte Faidherbe, uma ponte metálica, construída em 1897, é um símbolo de Saint-Louis. Liga a ilha ao continente e é uma das pontes mais famosas do Senegal.
Mupho, o Museu de Fotografia de Saint-Louis expõe imagens de arquivo que reconstituem a história da cidade e do país. O ponto central do museu é a Ker Messaoud, uma antiga mansão de uma família marroquina, mas há exposições noutros edifícios, alguns dos quais também visitei.
Atravessando a ponte Moustapha Malick Gaye e apreciando o rio Senegal repleto de barcos de pesca em madeira, pintados com cores vibrantes (pirogas), chego ao bairro de pescadores Guet Ndar, um bairro de aspeto bastante degradado, com casas precárias e lixo por todo o lado.
Pescadores deambulam por ali com as suas vestes e botas de pesca, vendedores expõem os seus produtos em bancas de rua, cabras passeiam e crianças brincam e surfam no mar em pranchas improvisadas com garrafões de água. E foi a algumas destas crianças que ofereci balões e outros pequenos brinquedos que levava comigo.
Aqui apanhei um autocarro local, que partilhei com as pessoas, o pescado que transportavam e o respetivo cheiro, para ir à Praia Hydrobase, ampla e calma mas também com muito lixo. De um lado desta faixa estreita a praia banhada pelo Oceano Atlântico e do outro a foz do rio Senegal com os seus barcos coloridos e imensos pelicanos.
Apesar da notável pobreza e dos edifícios degradados, gostei imenso de Saint Louis e fiquei mais tempo que aquilo que inicialmente pensara. Tem uma atmosfera cultural agradável, animações de rua, exposições, arte e música por todo o lado.
Fui a vários bares e restaurantes com música ao vivo, festas em barcos ancorados no rio, discotecas e concertos no Instituto Francês (Woz Kaly). Também contactara couchsurfers com quem me encontrei e conheci imensa gente com quem passei o tempo, partilhei refeições e dei passeios de motorizada. Adorei!
Após uma semana em Saint-Louis, apanhei uma ‘7 Places’ (carrinha de transporte público com 7 lugares) e parti para Touba. Ah! E finalmente sozinha. Sem outro peso às costas se não a minha mochila. Que é assim que a viagem verdadeiramente me acontece!
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