Este blog surgiu em 2009 com o intuito de relatar uma "Viagem Incógnita" que teve início com um bilhete só de ida para a Tailândia. Uma viagem independente, sem planos, a solo, que duraria quatro anos. Pelo meio surgiu um projeto com crianças carenciadas do Nepal que viria a resultar na criação da Associação Humanity Himalayan Mountains. Assim, este blog é dedicado às minhas viagens pelo Oriente, bem como a esta "viagem humanitária", de horizontes longínquos, no Nepal.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

SENEGAL

 
Voo direto da TAP Lisboa-Dakar no início de fevereiro, num ano em que tirei mais uma licença sem vencimento para viajar mundo afora. Desta vez resolvi aventurar-me por África, continente que mal conheço. Chegada ao Aeroporto Internacional Blaise Diagne à 1 hora da manhã, com outra ‘tuga’ que se colou a mim no aeroporto de Lisboa. A viagem noturna de táxi até chegarmos ao alojamento em Toubab Dialaw, aos solavancos por ruas de terra batida, já nos davam uma primeira ‘impressão africana’.
De manhã, e depois de umas braçadas na piscina, rumámos à zona norte da capital onde combinara alojamento em casa de um couchsurfer e sua família, o Ibrahim, professor, com quem me correspondia há uns dias e que me prestara imensas informações. 
Cambérène, Mausoléu de Seydina Issa Rohou Laye
Depois do almoço tradicional com que nos brindaram, um prato chamado Ceebu Jën (grafia em uolofe, a língua falada na região), que significa “arroz com peixe” e é por vezes considerado o prato nacional do Senegal, saímos para conhecer um pouco a zona. 
Apanhámos um autocarro local, passámos por Yoff e saímos em Ngor onde visitámos o bairro dos pescadores e a praia com as suas pirogas, a pequena Ilha de Ngor ali bem perto.

Seguimos de táxi até à praia da Ponta de Almadies e fomos ao ponto mais ocidental da Afro-Eurásia, avistando ao longe, no mar, o farol de Almadies. 
Monumento da Renascença Africana
Dakar, a capital e maior cidade do Senegal, fundada pelos franceses em 1857, é uma das quatro cidades históricas do país (Dakar, Saint-Louis, Gorée e Rufisque) e a antiga capital da África Ocidental Francesa (AOF). Situa-se na estreita península do Cabo Verde, na borda ocidental de África, localização que favoreceu os primeiros colonos e o comércio com o Novo Mundo, e lhe dá uma posição privilegiada para interseção das culturas africanas e europeias.
Foi Dinis Dias, um navegador português que realizou várias explorações ao longo da costa ocidental de África que, em 1444, ao serviço do Infante D. Henrique, liderou uma expedição que o levou além da foz do rio Senegal. Ao chegar ao ponto mais ocidental do continente africano e impressionado com a vegetação exuberante da região, batizou o local de "Cabo Verde", lugar geográfico que não deve ser confundido com o arquipélago com o mesmo nome situado ao largo deste cabo.
No Dakar-Plateau situam-se, entre outros monumentos, o Palácio da República do Senegal e a Catedral de Dakar, Nossa Senhora das Vitórias, com uma belíssima arquitetura colonial.
O Cabo Manuel localiza-se no extremo sul da Península de Cabo Verde e recebeu o nome em homenagem ao Rei Manuel I de Portugal (1495-1521). É também uma zona residencial onde se encontram várias embaixadas e a sede da Comunidade Europeia. A Ilha de Gorée no horizonte, a este.
 
E foi precisamente para Gorée que nos dirigimos a partir do porto marítimo de Dakar. E logo à saída do barco encontro-me com o Stefan, um companheiro de viagem austríaco que conheci em Mandalay, Myanmar, em abril de 2010 e que depois reencontrei na Tailândia.

Casualmente eu vira publicações suas no Facebook viajando por Marrocos e disse-me que percorreria a costa africana em direção ao sul, atravessando a Mauritânia, Senegal, Gâmbia, Guiné… sendo estes os três países que eu planeava visitar. Os nossos 'timings' e planos de visita eram diferentes, mas mesmo assim conseguimos este breve encontro no dia em que eu chegava e em que ele partia de Gorée.

Os portugueses foram os primeiros europeus a chegar ao Senegal, no séc. XV, ao procurarem uma nova rota de especiarias para a Índia. Dadas as ótimas condições, logo estabeleceram portos na Península do Cabo Verde (Dacar) e na ilha de Gorée (Goreia), localizada a 3 km da costa.
Os wolofes (a etnia maioritária no Senegal) e os portugueses estabeleceram relações comerciais, proporcionando riquezas ao império. Os europeus pagavam bem pelos prisioneiros de guerra (que eram enviados como escravos), e os nativos traziam-nos até eles, à costa, para que não precisassem de ir para o interior. 
A ilha foi, entre os séculos XV e XIX, um dos principais centros de tráfico de escravos na África Ocidental, a partir de uma feitoria fundada pelos portugueses. Este entreposto foi, ao longo dos séculos, conquistado e administrado por neerlandeses, ingleses e, finalmente, franceses.
Casa dos Escravos, Gorée
A Casa dos Escravos é um museu e memorial dedicado à história do comércio atlântico de escravos. Foi reconstruída e inaugurada como museu em 1962 por Boubacar Joseph Ndiaye, que foi seu curador até 2009, para preservar a memória da escravidão na África. A sua Porta do Não Retorno era o ponto em que os escravos eram alocados em navios negreiros com destino às Américas.
O Forte d'Estrées é um forte militar construído no século XIX e que atualmente abriga o Museu de História do Senegal. Este forte, também conhecido como Fortaleza da Ilha de Gorée, serviu como prisão civil até 1976 e é também um importante ponto de referência na história da ilha.
A arquitetura do centro histórico da ilha é caracterizada pelo contraste entre as sombrias casernas dos escravos e as elegantes mansões dos seus mercadores. 
Gorée, classificada em 1978 como Património da Humanidade, é um símbolo da exploração humana e uma escola para as gerações atuais, com grande importância para a diáspora africana.
Lago Rosa
Após regresso ao porto de Dakar, seguimos de táxi para o Lago Retba, situado a cerca de 30 km a nordeste da capital. É mais conhecido como Lago Rosa devido ao tom rosado da água causado pelas algas Dunaliella Salina que produzem um pigmento vermelho. 
O lago é separado do Oceano Atlântico apenas por um estreito corredor de dunas e tem um alto teor de sal, até 40% nalgumas áreas, o que permite flutuar nele. No entanto, tem peixes que se adaptaram às condições, embora menores do que aqueles que vivem num ambiente normal. O lago era frequentemente o ponto de chegada do Rally Paris-Dakar, antes do rali mudar para a América do Sul em 2009. 
Após uma noite à beira lago, seguimos para norte numa carrinha de transporte local.

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