Há sete lagos famosos à volta da cidade de Pokhara sendo Phewa, Begnas e Rupa os mais conhecidos. Em Pokhara conheci o CS Samuel, suíço, e decidimos fazer juntos o Royal Trek que tem início a este da cidade.
Começamos a caminhada em Bijayapur e temos logo uma acolhedora e improvisada receção.
Vamos apreciando a labuta desta gente à medida que nos afastamos ligeiramente do vale do rio e dos planos campos de arroz.O Royal Trek é um percurso à volta da região dos lagos e é assim chamado porque o príncipe Carlos de Inglaterra o percorreu no início dos anos oitenta com a sua comitiva de noventa pessoas.
É um trekking curto, de três ou quatro dias, a uma altitude que não ultrapassa os 2000 metros que oferece oportunidades culturais ricas pela mistura de povos que habitam a zona, para além de fabulosas vistas da faixa do Annapurna. É, por isso, também chamado de Annapurna Skyline Trek.
Esta caminhada Real apresenta um verdadeiro retrato de singularidade permitindo-nos a oportunidade de capturar os estilos de vida tradicionais das tribos cujas antigas práticas religiosas e tradições se mantiveram inalteradas por milhares de anos.
Esta senhora acenou-nos de longe e fez questão que a filha nos trouxesse água para bebermos. Não podemos recusar a amabilidade e ainda bem que eu e o Samuel, que também está no Nepal há mais de quatro meses, já nos tornámos imunes à água corrente…
Caras lindas, olhos grandes, olhos verdes.
Um grupo de crianças diverte-se neste cenário. E há lá sítio melhor para brincar e correr em liberdade?...O topo do monte oferece vistas generosas para o lago Begnas.
Todos os caminhos são válidos para descobrir e visitar templos onde se veneram divindades várias e se oferecem sacrifícios de animais às mais austeras.
Subimos a encosta até Kalikathan, a 1370m, onde pernoitamos.
Kalikathan
Como o circuito não é muito turístico por vezes o alojamento é bem simples em casa dos próprios habitantes das aldeias, designado ‘homestay’. Os grupos normalmente trazem o seu próprio equipamento, como tendas e fogão, e acampam.
Acordamos acima das nuvens e continuamos a nossa caminhada, fazendo uma média de cinco a seis horas por dia.No caminho podemos desfrutar de belíssimas vistas sobre os terraços de arroz eloquentemente construídos nas encostas. O arroz é cultivado durante este mês chamado Shrawan no Nepal que vai de meados do nosso mês de julho a meados de agosto. É a altura das grandes férias escolares já que as crianças mais crescidas ajudam os pais no trabalho do campo.
Esta rota tem poucos turistas em relação a outras áreas de trekking na região Annapurna possibilitando um contacto próximo da natureza, da cultura e do estilo de vida das pessoas. Aliás, não nos cruzámos com nenhum outro trekker durante todo o percurso nesta altura.
LipiniEsta rota tem poucos turistas em relação a outras áreas de trekking na região Annapurna possibilitando um contacto próximo da natureza, da cultura e do estilo de vida das pessoas. Aliás, não nos cruzámos com nenhum outro trekker durante todo o percurso nesta altura.
Seguimos por uma encosta florestada através de Mati Thana, Naudanda e Lipini onde paramos para almoçar. Cerca das 18h chegamos a Sayklung, a 1730m, onde nos alojamos em casa de uma família Gurung.
Sayklung
Casa simples mas onde comemos e dormimos bem.
Lá do alto avistamos agora dois lagos: o Begnas e o Rupa.
No terceiro dia passamos por sítios mágicos, florestas milenares, templos encantados.
Baghe Pokhari
Subindo e descendo, subindo e descendo.
Também atravessamos prados e campos de cultivo.
Chisopani
Descemos a encosta até ao vale e trepamos a próxima até à aldeia gurung de Chisopani, situada a 1629m de altitude. Subimos até ao topo onde se encontra um pequeno templo com esplêndidas vistas do vale já que as montanhas nevadas se escondem nas nuvens.
E finalmente os cumes nevados dão um ar da sua graça. A estar céu limpo ver-se-ia todo o magnífico Annapurna Range, Machhapuchhre e alguns picos da cadeia Langtang.
No caminho conhecemos a Roma que partilhou connosco o seu lanche e nos conduziu pelos labirínticos e enlameados carreiros dos campos de arroz depois de descermos toda a encosta quase a pique.
Subimos agora a outra encosta do Lago Rupa que avistamos da janela do quarto da casa de hóspedes em Sundardanda.
No dia seguinte, percorremos a crista de onde se avistam os dois lagos, o Rupa e o Begnas, um dum lado outro do outro.
Descemos a encosta do Begnas e paramos para comer antes de atravessar o lago. E conhecemos a pequena e bela Sabina que nos impressiona com a leitura do menu em inglês.
E já a nossa barqueira se prepara para nos levar ao outro lado.
Apreciamos o cénico Lago Begnas de vários pontos de vista.
Uma chuva repentina faz surgir o arco-íris, completo, de um lado ao outro do lago.
Regressei a este ponto dois dias depois e conheci a Krishna, professora, em Piple. Continuei com o meu guia campos de arroz adentro, desta vez por uma zona plana mais a sul.
Encontrámo-nos com os avós e restante família do Manish, uma das crianças apadrinhadas com a recolha dos donativos, que me haviam convidado para almoçar.
A irmã, a Manisha, estava visivelmente cansada após o regresso do trabalho no campo.
É sempre difícil perceber exatamente quantas pessoas vivem na pequena casa, novos e velhos surgem de todo o lado.
Os novos amigos conduzem-nos através dos campos até à estrada de asfalto onde apanhamos o autocarro de regresso a Pokhara.
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